"Certo dia, ele (o mulá) disse que o islã considerava a bebida um pecado terrível; aqueles que bebessem teriam de responder por esse pecado no dia do Qiyamat, o Dia do Juízo.
...
Estávamos no escritório de baba (pai), a tal "sala de fumar", quando eu lhe disse o que o mulá tinha nos ensinado na aula.
...
_ Pelo que eu vejo, você está confundindo o que aprende na escola com a educação de fato - disse ele com a sua voz grave.
_ Mas se o que ele disse é verdade, você não é um pecador, baba?
_ Humm. - Baba trincou um cubo de gelo com os dentes. _ Quer saber o que seu pai acha sobre essa história de pecado?
_Quero.
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_Ótimo - disse baba. _Pouco importa o que diga esse mulá; existe apenas um pecado e um só. E esse pecado é ROUBAR. Qualquer outro é simplesmente uma variação do roubo. Entende o que estou dizendo?
_Não, baba jan - respondi querendo desesperadamente entender.
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_Quando você mata um homem, está roubando uma vida - disse baba.
_Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça. Entende?
...
_ Não há ato mais infame do que roubar, Amir.
...
_Se existe mesmo um Deus, em algum lugar por aí, espero que ele tenha coisas mais importantes para fazer do que se preocupar com o fato de eu beber uísque ou comer carne de porco. Agora desça daí. Toda essa conversa sobre pecado me deixou com sede outra vez.”
(Trecho do Livro: “O Caçador de Pipas” – Autor: Khaled Hosseini)
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